sexta-feira, 10 de junho de 2011

Homossexuais brasileiros lutam pela igualdade

Após aprovação de união civil entre pessoas do mesmo sexo, homossexuais continuam luta por seus direitos.
José Ricardo Oliveira
Após manifestações de alguns grupos religiosos e políticos, e até de parlamentares, contra a união civil de pessoas do mesmo sexo, foram aprovadas com dez votos a zero, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277, com objetivo de declarar a união civil entre pessoas do mesmo sexo, e a A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132. Dos 11 ministros um alegou não poder votar por ter se envolvido com o projeto quando advogado. As ações apresentadas pelo governo do Rio de Janeiro, representado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), a outra, pela vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, foram levadas a julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 04 de maio último.
Reverberando por grande parte da mídia em torno do mundo, a união ainda deixa uma série de dúvidas. A maioria delas sobre quais os direitos passam a ser assegurados por lei. Confira aqui o que muda a partir da decisão do STF.


Justiça
Para a Ministra Maria do Rosário, da Secretaria Especial de Direitos Humanos do Governo Federal, falta no país o reconhecimento da igualdade dos direitos do cidadão, principalmente os direitos relacionados aos homoafetivos. Em entrevista para a edição de maio da revista JÚNIOR, a Ministra declara que “o Brasil precisa avançar em leis que garantam os direitos de todas as pessoas, reconheçam os direitos civis da população como um todo e enfrentem a violência. A democracia fica incompleta quando enquanto setores da sociedade não são respeitados e ouvidos”.
Faltam ainda serem votadas outras duas importantes ações a favor dos direitos dos homossexuais. O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/06, lei que criminaliza a homofobia no Brasil e o Kit anti-homofobia do MEC, que foi aprovado e logo em seguida, teve a distribuição suspensa pela presidenta Dilma Roussef, proibição essa que tem gerado uma série de manifestações de insatisfação por parte de grupos e organizações em apoio aos direitos dos homossexuais.
Criminalização da homofobia
Arquivado desde 2008, o PLC 122/06 é um projeto de lei que defende a criminalização da homofobia em território nacional. Desengavetado pela senadora Marta Suplicy (PT-SP) em 2010, o projeto já teve seu texto alterado e possivelmente passará por nova reformulação. A revisão do texto foi anunciada pelo site oficial da Agência Senado no último dia 31 de maio. O novo texto é resultado de uma articulação entre os senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Demóstenes Torres (DEM-GO).
O principal motivo pela revisão do texto é de interesse da bancada religiosa, aí representada por Crivella. Eles defendem a liberdade nas igrejas, de pregações que condenem a homossexualidade. Para os demais, e visão da senadora Marta, o mais importante é direcionar o texto em defesa de punição para quem induzir à violência, ponto também acertado entre os religiosos. Esta é a segunda vez que o texto passa por alterações, a primeira, também por solicitação da bancada religiosa. Para Marta Suplicy, relatora do projeto, uma maneira encontrada para garantir maior número de votos a favor.
Em entrevista Agência do Senado, a senadora Marta declarou sobre o acordo com o Crivella. “Eu pedi para ele (Crivella), em homenagem à (ex-deputada) Iara Bernardi, que fez o projeto original, e à (ex-senadora) Fátima Cleide que mantivéssemos o projeto original com todos os adendos, tirando algumas coisas que eram do original. Isso eu acho que foi contemplado.
Estão ainda entre as principais alterações o aumento de pena, já prevista no código civil, motivo pelo qual Crivella insiste ser desnecessário o PLC 122. Segundo ele, as penas contra qualquer tipo de violência já estão previstas no Código Penal, como crime de injúria.
Mas, para os homossexuais, a aprovação do PLC 122 é de grande relevância, principalmente na garantia de uma consequente diminuição de crimes contra os gays. O coordenador do grupo de pesquisa em Cultura e Sexualidade (CUS) da Ufba, Leandro Colling,  alerta sobre a importância da aprovação da lei e que ainda há muito a ser feito: “Eu considero a aprovação dessa lei muito importante, mais até que a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Isso porque essa lei atinge e beneficia todos os LGBTs, inclusive aqueles que querem permanecer sem a união civil. No entanto, também não podemos apostar que com essa lei todos os nossos problemas estarão resolvidos. É apenas uma etapa, importante, sim, mas uma etapa”.

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